terça-feira, 17 de julho de 2018

Protegendo o primeiro rapel


AVISOS
  • Leia o aviso técnico antes de visualizar as técnicas a seguir.
  • É importante entender completamente as informações fornecidas no aviso técnico antes de usar essas informações complementares
  • Dominar essas técnicas requer treinamento.
  • Consulte um profissional antes de tentar executar essas técnicas por conta própria.

Quando rapel em uma cachoeira, é importante definir corretamente o comprimento da corda para:  

- Evitar ter que remover o descensor, permitindo assim uma rápida saída da turbulência na piscina de aterrissagem 

- Evite ficar enrolado no final da corda 

A corda o final deve ser definido a cerca de 1 m acima da piscina de aterragem.


Ao instalar o rapel, existem dois cenários possíveis: 

- a base da cachoeira é visível a partir do topo do rapel, por isso é fácil montar a corda a partir do topo na primeira tentativa 

- a base da cachoeira não é visível; definir o comprimento da corda é feito quando o líder desce, usando um sistema de liberação
Configurações corretas e incorretas do comprimento do cabo para um rapel
1.  O rapel é configurado com um comprimento de corda de cerca de 1/4 a 1/3 menor do que o necessário para alcançar o fundo. 

Um sistema liberável é colocado em prática, por exemplo, um nó de Munter.
Configurando um sistema liberável
2.  O líder desce. Quando ele vê a base da cachoeira, ele para e instrui seu parceiro a abaixá-lo usando sinais de apito. 

Estabelecer um código de apito, dependendo dos níveis de ruído e / ou distância.

O líder desce e se comunica com seu companheiro de equipe
3. Uma vez que o comprimento da corda é definido, o líder aconselha seu parceiro com um ou dois apitos curtos. O parceiro relaciona o nó da munter.
Corrigindo corretamente o comprimento da corda

4.  O líder continua a descida. A corda é ajustada para o resto da equipe.

Como amarrar nós? Diagramas explicativos.

AVISOS
  • Leia o aviso técnico antes de visualizar as técnicas a seguir.
  • É importante entender completamente as informações fornecidas no aviso técnico antes de usar essas informações complementares
  • Dominar essas técnicas requer treinamento.
  • Consulte um profissional antes de tentar executar essas técnicas por conta própria.

Figura-oito nó

Por amarrar
Figura oito nós para amarrar
 

Figura-oito nó

Para a âncora
Figura oito nós para a âncora
 

Curva plana overhand

Para unir duas cordas
Curva plana overhand para unir duas cordas

Nó bowline com nó de backup

Mais fácil de desatar do que a figura 8 nó 

AVISO: nó de backup obrigatório (por exemplo, com um nó duplo)
Nó bowline com nó de backup

Engate de cravo

Nó de ancoragem de ajuste rápido
Engate de cravo

Engate de Munter

Engate de fricção, não trava a corda
Engate de Munter

Nós duplos

Usado para equalizar âncoras ao instalar uma linha vertical fixa ou uma linha transversal. 

A bolina em uma baía pode ser mais fácil de desfazer após um carregamento significativo.
Coelho
Coelho

Bowline em uma baía

Bowline em uma baía

Nó de borboleta

Um dos poucos nós que minimiza a perda de força da corda, esse nó pode ser usado para isolar uma seção danificada da corda.
Nó de borboleta
 

Nó de borboleta

Também pode ser usado para equalizar duas âncoras amplamente separadas em conjunto com uma figura de 8 nós.
Também pode ser usado para equalizar duas âncoras amplamente separadas em conjunto com uma figura de 8 nós.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Bivaque

Se você for usar lonas para construir um abrigo com lona há várias formas rápidas e fáceis de se fazer isto. A lona irá automaticamente lhe dar uma proteção contra o vento e a chuva. Mas lembre-se dos seguintes pontos:
  • Prefira construir abrigos naturais.
  • Nunca durma no chão diretamente, forre o chão com folhas ou gramas. Verifique bem o local antes. Formigas, taturanas e outros insetos costumam ser um problema maior do que cobras ou escorpiões.
  • Preste atenção no vento e escolha uma local adequado.
  • Tome cuidado com a drenagem. Se chover você não quer levantar no meio do temporal.
Sempre tenha ventilação. Um abrigo completamente fechado pode ser quente, mas pode ser perigoso.

Bivaque.gifa) Um abrigo simples, útil se seu abrigo não é muito grande.
b) Melhor contra a chuva. O abrigo deve ficar em declive para manter o ocupante seco.
c) Um abrigo como um telhado. Prenda a extremidades para evitar que o vento e a chuva entrem.
d) Talvez o mais simples de todos eles. Protege do vento. Não é bom se a lona for muito pequena.
e) e f) Um bom pequeno e estreito abrigo. Construa o fim do triângulo virado para onde provém o vento. Somente confortável para dormir dentro. Uma dupla camada de lonas é preferível se o material utilizado não for totalmente impermeável como as modernas lonas plásticas
 

segunda-feira, 2 de julho de 2018

Nó de Fita ou Nó Duplo

O nó de fita é um nó usado para emendar as pontas de uma fita, criando-se um anel de fita que pode ser usado como costura ou como fita solteira.
     Faz-se um nó simples em uma das pontas da fita e depois, com a outra ponta, segue-se esse nó pelo caminho inverso. O nó de fita deve ser ajustado para que as fitas fiquem todo o tempo paralelas e com folgas de pelo menos três dedos em cada ponta.
     Para uma solteira pode-se usar uma fita de 260 cm a 300 cm, que após dobrada e emendada deve ficar com cerca de 110 cm a 130 cm. Para costuras médias, usa-se uma fita de uns 160 cm, que após dobrada e emendada ficará com 60 cm, podedo ser levada a tiracolo.
     Se o nó for aplicado em uma corda ou cordelete, em vez de em uma fita, o nó muda de nome e passa a se chamar nó duplo. Deve-se ter muito cuidado com o nó duplo neste caso, pois ele possui uma forma correta e outra errada! A forma errada é insegura e pode se desfazer com o uso.
     A menos que você tenha muita familiaridade com o jeito certo e o errado do nó duplo, para emendar as pontas de uma corda ou cordelete prefira sempre o pescador duplo ou o oito duplo, ambos confiáveis e facilmente identificáveis.
 

Azelha

O nó azelha é um nó forte e confiável. É muito utilizado durante a escalada para fixar a corda ou para rebocar material.
     Seu grande inconveniente, no entanto, é ser difícil de desfazer após ser submetido a grande tensão e/ou numa corda molhada. O nó oito duplo ameniza esse inconveniente e é portanto preferível.
 

Volta do Fiel

Chamado simplesmente de fiel este nó é a forma mais rápida de se fixar a corda, podendo ser reajustado ou desfeito com facilidade.
     A volta do fiel é um nó muito fácil de se fazer e muito útil em uma escalada, como por exemplo quando se deseja fixar a corda do participante sem soltar a segurança ou quando desejamos fazer uma solteira de comprimento variável, podendo mudar o seu comprimento sem soltar a segurança. Com um pouco de prática, pode-se fazê-lo rapidamente com uma mão só. Normalmente o fazemos pelo meio e utilizamos um mosquetão, mas é também muito importante e útil saber fazê-lo pela ponta.
     Feito pelo meio da corda ele serve para fixar a corda em um mosquetão ou pé-de-galinha.
     Feito pela ponta e com um bom arremate de segurança, ele serve para fixar a corda em uma árvore, por exemplo.
 
fiel pelo meio da corda
Fiel pelo meio da corda.

fiel pelo meio da corda
Fiel pelo meio de uma corda, sem tirá-la do mosquetão
 
 
fiel pela ponta da corda
Fiel pela ponta da corda

Pescador Duplo

Nó utilizado para emendar duas pontas de uma mesma corda, como um cordelete para prusik ou de duas cordas diferentes, como em um rapel mais longo, por exemplo.
     Este é um nó seguro e exige menos esforço para ser desfeito do que o nó duplo (mais usado para fitas).
      Para cordas de rapel, é importante deixar uma folga de pelo menos um palmo e meio nas pontas  para maior segurança.
 
pescador duplo
Uso do pescador duplo na união de duas cordas para rapel. A última imagem exibe o aspecto do nó visto pelo outro lado.

Prusik

Este é um nó auto-blocante, ou seja, sob tensão ele trava e quando frouxo ele corre "facilmente". Em resgates, ascensões por uma corda fixa ou mesmo em cabo de aço, o prusik é muito utilizado e quase sempre essencial. Ele também pode ser utilizado para evitar que a corda desça quando você estiver rebocando uma carga pesada (ou mesmo um acidentado) enquanto você descansa.
     Muitos acidentes ou quase acidentes já aconteceram porque os participantes não conheciam o prusik ou não tinham as cordinhas para o caso de uma necessidade. Por isso, é imprescindível que cada participante tenha duas ou três cordinhas e saiba usá-las.
     A cordinha utilizada para este nó deve ter aproximadamente a metade do diâmetro da corda principal, tendo suas pontas emendadas com um pescador duplo ou um nó duplo. Quanto mais se aproximem os diâmetros, menos eficiente o prusik será.
     Ele é normalmente feito com duas voltas, como mostra a figura, mas no caso de escorregar, pode ser utilizado com três ou mais voltas. É importante verificar que o nó de emenda da cordinha não atrapalhe o prusik nem fique na extremidade inferior onde o mosquetão será preso.
     Existem outros nós que podem ser utilizados para o mesmo fim como por exemplo o nó de Machard e variações com a utilização de um mosquetão.
 
Prusik

Oito Duplo

O oito duplo é um dos principais nós utilizados em escaladas.
     Feito pelo meio da corda, ele serve principalmente para rebocar material, encordar um participante ou fixar a corda em um mosquetão. Esta forma pode ser utilizada no lugar da azelha simples, apresentando a grande vantagem de ser mais fácil de se desfazer após ser submetido a uma carga elevada ou quando molhado.
     Feito pela ponta da corda, o seu principal uso é o de encordamento do guia ou do último participante da cordada. Esta forma também pode ser usada para fixar a ponta da corda diretamente em um grampo ou árvore. Para fazer este nó é necessário fazer antes o oito simples e então acompanhá-lo com a ponta da corda no seu sentido inverso.
     Feito desta forma, o oito duplo também serve para emendar duas cordas em um rapel mais longo, mas é preferível usar o pescador duplo que é um nó menos volumoso e tem menos chance de se enganchar durante o recolhimento da corda.
     Em todos estes casos é sempre bom deixar uma folga de pelo menos um palmo e meio de ponta de corda, arrematado com um nó de frade.
oito simples
Oito simples - nó de partida para o oito duplo pela ponta da corda.
oito pelo meio da corda
Oito duplo pelo meio da corda.
 
oito duplo pela ponta da corda e arremate final
Encordamento com oito duplo pela ponta da corda e arremate final.

Nó de Encapeladura


O nó de encapeladura (de dois) ou nó de tripé pode ser usado para descer ou guindar uma pessoa, fazer correias para puxar uma carroça ou para fazer uma dupla arreata para animais, podendo ser facilmente transformado no nó de cadeira de bombeiro.Pode ser usado como nó para formar um tripé (ver abaixo).
Unindo as pontas soltas e prendendo um mastro na intersecção da encapeladura, podem aplicar-se estacas nas três alças formadas para espiar um mastro ver abaixo.




Nó de Encapeladura de  3

O nó de encapeladura de 3(à esquerda) pode ser usado para diversos fins decorativos, nomeadamente para produzir coxins. Uma aplicação usual do nó de encapeladura de 3 no escutismo é para fazer a cabeça e braços de Cristo nos crucifixos de corda.



Nó de Encapeladura de 4

O Nó de encapeladura de 4 é essencialmente utilizado para fazer coxins (ver abaixo).


Cadeira de Bombeiro

Nó cadeira de bombeiro é um tipo de nó que forma uma trama em torno dos quadris adequada para descer ou guindar pela corda pessoas sentadas. Pode também ser usado para prender simultaneamente o pescoço de dois animais que puxam uma carroça.
Este nó inicia-se com o nó de encapeladura do qual resultam duas argolas e duas pontas uma para cada lado, com uma das pontas faz-se uma argola e por dentro dessa argola passa-se a que já estava feita, e para terminar faz-se o mesmo com a outra ponta. Por ficam dois laços que podem passar-se um por cada perna de uma pessoa que queiramos suspender, ou pelo pescoço de dois animais.



Nó de Catau

O nó de catau, nó de encurtar ou nó perna de cão  é um nó que serve para encurtar um cabo ou reforçar um cabo poído, retirando a tensão da parte danificada.
A sua preparação pode fazer-se de duas maneiras.
1 - Dobrando o cabo em forma de Z e fazendo um cote direto em torno de cada dobra.
2 - Sobrepondo três argolas feitas com o cabo e passando o cabo da do meio pelas outras e esticando.

Lais de Guia Espanhol

O lais de guia espanhol permite obter duas alças que são fixas e que por isso podem ser usadas para içar pessoas, seja usando uma alça em cada perna seja usando uma alça por baixo das duas pernas e outra atrás das costas.
Para realizar este nó, começa por dar-se ao cabo a configuração da figura A abaixo.
Depois sobrepõem-se ligeiramente as partes internas das voltas V1 e V2, como apresentado em B, e rodando o cruzamento P1 à volta do eixo E, de modo a leva-lo ao ponto P2, obtém-se o que está paresentado em C.
Finalmente, com V1 e V2 a seguirem as setas como mostra C, obtem-se o Lais de Guia Espanhol, como apresentado em D.

Volta de Camionista


A volta de camionista é muito usada para içar ou prender cargas em camiões ou vagões de comboio, pois pode ser usado como aparelho de força com um fator de desmultiplicação de 2:1. É fácil de fazer e desfaz-se facilmente quando se alivia a tensão.
Começa por  passar por baixo de um olhal fixo ou de um gancho fixo abaixo (A na Figura abaixo) e depois  dobra-se em três partes. Com a parte que irá para cima faz-se um estrangiulamento na dobra superior e torce-se como no lais de guia deixando-se uma dobra (B). Passa-se então o chicote por dentro do chicote  e puxa-se aplicando-se tensão. Quanto maior for a tensão aplicada mais forte é o nó.

Falcaça

Uma falcaça é um trabalho com cordas usado para evitar que as pontas de cordas grossas ou cabos se desfiem. É feita com um barbante fino e, no final, as pontas do barbante não devem aparecer. Há várias maneiras de falcaçar um cabo. Por norma é utilizado um fio fino que é enrolado em torno do cabo junto à ponta do cabo. No caso dos cabos sintéticos, independentemente da utilização de falcassas, devem-se queimar seus chicotes.
A falcaça mais usada é a falcaça em chicote.

Falcassa em chicote

1º passo: faça um seio próximo a um dos chicotes do cordel, coloque sobre o chicote do cabo e enrole a outra ponta do cordel ao redor do cabo até que a ponta do seio esteja quase coberta.
2º passo: ao terminar de enrolar o cordel no cabo, passe o chicote B no seio formado pelo chicote A.
3º passo: segure o chicote B e puxe o chicote A até que os dois seios fiquem no meio da amarra.

Nó de oito (ou trempe)

Este nó, tal como o nome indica, faz lembrar o número 8. É um nó de bloqueio que se executa nas ponta livres das cordas (cabos) por não poder passar através de orifícios, ou então para garantir que os nós não deslizam.
Usa-se preferencialmente à laçada ou ao nó simples por ser um nó mais volumoso, evitando assim que a corda (o cabo)  se escape em orfícios um pouco mais largos.
É usado em marinharia ara não deixar o cabo desgornir de um moitão, roldana ou olhal. É geralmente usado nas pontas das adriças, escotas, rizes e nós de correr.

Nó Direito

Para emendar ataduras e emendar cabos com o mesmo diâmetro. 
Utilização: Unir dois cabos (não escorregadios) de mesma espessura. Não indicado para suportar peso e não se solta com facilidade, a não ser que sejam bitolas diferentes *Difícil de ser desatado 
Como faz? Famoso direita sobre esquerda (dá uma voltinha), esquerda sobre direita (dá outra voltinha).



Não entendeu? Assista o vídeo, é rapidinho =)

Nó de Pescador Duplo

Excelente nó de junção para cordas de mesmo diâmetro. Pode ser empregado também em arremates. Rompe a corda com 56% de R0, sendo o melhor deles. 

Nó de Azelha em "8"

Mais tradicional, é usado tanto em espeleologia quanto em alpinismo. Pode ser utilizado em qualquer ancoragem, ou para prender coisas na corda com segurança. Pode ser desfeito bem mais fácil que o azelha. Seu R0: 60%. Também poderá ser feito da forma induzida e deverá ser arrematado. 

Nó de Azelha Simples

Pode ser usado em ancoragem principal, mas não deve ser utilizado em ancoragem reserva. Diminui a resistência da corda em 50% - R0: 50%, além de ser difícil desfazer, quando submetido à tensão. Deve ser usado como nó amortecedor entre a ancoragem principal e a reserva. 

quinta-feira, 21 de junho de 2018

Manual para subir montanhas

Paulo Coelho
A) ESCOLHA A MONTANHA QUE DESEJA subir: não se deixe levar pelos comentários de outros, dizendo “aquela é mais bonita”, ou “esta é mais fácil”. Você irá gastar muita energia e muito entusiasmo para atingir seu objetivo, portanto, é o único responsável, e deve ter certeza do que está fazendo.

B) Saiba como chegar diante dela: muitas vezes, a montanha é vista de longe - bela, interessante, cheia de desafios. Mas quando tentamos nos aproximar, o que acontece? As estradas a circundam, existem florestas entre você e seu objetivo, o que aparece claro no mapa é difícil na vida real. Portanto, tente todos os caminhos, as trilhas, até que um dia você esteja em frente ao topo que pretende atingir.

C) Aprenda com quem já caminhou por ali: por mais que você se julgue único, sempre alguém teve o mesmo sonho antes, e terminou deixando marcas que podem facilitar a caminhada; lugares onde colocar a corda, picadas, galhos quebrados para facilitar a marcha. A caminhada é sua, a responsabilidade também, mas não se esqueça de que a experiência alheia ajuda muito.

D) Os perigos, vistos de perto, são controláveis: quando você começa a subir a montanha dos seus sonhos, preste atenção ao redor. Há despenhadeiros, claro. Há fendas quase imperceptíveis. Há pedras tão polidas pelas tempestades que se tornam escorregadias como gelo. Mas se você souber onde está colocando cada pé, irá notar as armadilhas, e saberá contorná-las.

E) A paisagem muda, portanto, aproveite: claro que é preciso ter um objetivo em mente - chegar ao alto. Mas à medida que se vai subindo, mais coisas podem ser vistas, e não custa nada parar de vez em quando e desfrutar um pouco o panorama ao redor. A cada metro conquistado, você pode ver um pouco mais longe, e aproveite isso para descobrir coisas que ainda não tinha percebido.

F) Respeite seu corpo: só consegue subir uma montanha quem dá ao corpo a atenção que merece. Você tem todo o tempo que a vida lhe dá, portanto caminhe sem exigir o que não pode ser dado. Se andar depressa demais, irá ficar cansado e desistir no meio. Se andar muito devagar, a noite pode descer e você estará perdido. Aproveite a paisagem, desfrute a água fresca dos mananciais e das frutas que a natureza generosamente lhe dá, mas continue andando.

G) Respeite sua alma: não fique repetindo o tempo todo “eu vou conseguir”. Sua alma já sabe disso, o que ela precisa é usar a longa caminhada para poder crescer, estender-se pelo horizonte, atingir o céu. Uma obsessão não ajuda em nada a busca do seu objetivo, e termina por tirar o prazer da escalada. Mas atenção: tampouco fique repetindo “é mais difícil do que eu pensava”, porque isso o fará perder a força interior.

H) Prepare-se para caminhar um quilômetro a mais: o percurso até o topo da montanha é sempre maior do que o que você está pensando. Não se engane, há de chegar o momento em que o que parecia perto ainda está muito longe. Mas como você se dispôs a ir além, isso não chega a ser um problema.

I) Alegre-se quando chegar ao cume: chore, bata palmas, grite aos quatro cantos que conseguiu, deixe que o vento lá em cima (porque lá em cima está sempre ventando) purifique sua mente, refresque seus pés suados e cansados, abra seus olhos, limpe a poeira do seu coração. Que bom, o que antes era apenas um sonho, uma visão distante, agora é parte da sua vida, você conseguiu.

J) Faça uma promessa: aproveite que você descobriu uma força que nem sequer conhecia e diga para si mesmo que a partir de agora irá usá-la pelo resto de seus dias. De preferência, prometa também descobrir outra montanha, e partir para uma nova aventura.

L) Conte sua história: sim, conte sua história. Dê seu exemplo. Diga a todos que é possível e outras pessoas então sentirão coragem para enfrentar suas próprias montanhas

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Famosa carta em que o fotógrafo chileno Sergio Larraín (1931-2012) ensina ao sobrinho os segredos de sua arte:
“ A primeira coisa é ter uma maquina que vc goste, porque se trata de sentir-se bem com ela, uma câmera que seja agradável para as sua mãos, pois a ferramenta é fundamental para se fazer bem um trabalho, e que seja o mínimo indispensável e nada mais. Em segundo lugar, tenha uma impressora ao seu gosto, a mais bacana e simples possível. Depois é partir para a aventura, como um veleiro, soltar as velas, todos os dias vá para um lugar e outro, caminhe pelas ruas, vagueie e vagueie por lugares desconhecidos, quando estiver cansado sente-se à sombra de uma árvore, coma uma fruta ou pão, tome um trem, vá para onde lhe der na cabeça, e olhe, observe, desenhe também.
Saia do mundo conhecido, entre naquele que nunca viu, deixe-se levar pelo gosto, vá muito de um lugar ao outro, aonde lhe der na teia. Aos poucos vc vai encontrando as coisas, e vão te chegando imagens, como aparições, fotografe-as. De volta para casa, revele (edite), faça copias, observe o que você pescou, todos os peixes, pendure com fita adesiva na parede, imprima em tamanho de cartão postal e olhe para elas.
Depois, comece a brincar de recortar (cropar), experimente cortes e enquadramentos, vá aprendendo composição, geometria, reenquadre com perfeição e imprima o que vc reenquadrou, coloque novamente e deixe na parede. Vai olhando e observando. Quando tiver certeza de que uma foto é ruim, mande imediatamente para a lata do lixo. A foto que for boa coloque em um lugar mais alto na parede, e no final, guarde somente as boas, nada mais (guardar o medíocre faz você estancar no medíocre). Fique apenas o que for bom, o que é “top”, jogue o resto fora, porque a gente carrega na mente tudo o que conserva. Depois faça ginástica, distraia-se com outras coisas e não se preocupe mais.
Comece a olhar o trabalho de outros fotógrafos, procure tudo o que é bom em livros, revistas, etc… Guarde o melhor, se puder recortar recorte, e vá colando na parede ao lado de seu trabalho. Se não puder recortar, deixe o livro ou revista aberto na página com a foto boa, em exposição. Deixe por semanas, meses, enquanto aquela foto for significativa para vc, a gente demora muito para enxergar, mas pouco a pouco, o segredo vai se revelando, e você vai vendo o que é bom, a profundidade de cada coisa.
Continue vivendo sossegado, desenhe um pouco, saia para passear e nunca se force sair para fotografar, para não perder a poesia, a vida que existe nisso adoece, é como forçar o amor ou a amizade, não se pode. Quando estiver bem, faça outra viagem, saia para passear, vaguear. Vai para a beira de um rio, andar cavalo, ou até o alto das montanhas. Alguns lugares são sempre maravilhosos, perca-se na magia, passe alguns dias dando voltas por morros e ruas, quando chegar a noite, durma em algum lugar, em num saco de dormir, envolva-se com aquela realidade, concentrado, nada convencional te distrai. Deixe-se levar por passos lentos, devagarzinho, como se encontrasse a cura no prazer de observar, cantarolando, e o que for aparecendo vai fotografando, agora com mais cuidado, você já aprendeu a compor e enquadrar, já faz isso com a própria câmera, e assim continue, enchendo o saco de peixes e volte para casa.
Aprenda sobre foco, diafragma, primeiro plano, saturação, velocidades e etc…, aprenda a jogar com as possibilidades de sua câmera, e junte a isso poesia (a sua e a dos outros), pegue tudo o que encontrar de bom dos outros e faça uma coleção de coisas ótimas, um resumo em uma pasta. Siga aquilo que é o seu gosto e mais nada, acredite apenas no seu gosto. Você é a vida, e a vida é aquilo que você escolhe. O que não te agrada, não se importe, não lhe serve. Você é o único critério, mas veja as coisas de todo mundo.
Vá aprendendo, e quando tiver algumas fotos realmente boas, amplie e faça uma pequena exposição, ou um pequeno livro e mande encadernar, e assim vá estabelecendo uma noção, ao mostrá-las você se dá conta do que são, ao vê-las diante dos demais, é aí que você as sente. Fazer uma exposição é dar algo, como dar de comer, é bom para os demais mostrar-lhes algo que foi feito com trabalho e gosto. Não é se exibir, é que faz bem e é saudável para todos, e para você é bom, porque vai te testando.
Bom, com isso tem com o que começar, é muita vagabundagem, ficar sentado debaixo de uma árvore, num lugar qualquer. É um andar sozinho pelo universo. Um novo jeito de olhar, o mundo convencional coloca um muro diante de você. É preciso sair de trás dele durante o período de fotografar.
Tchau.
Depois te escrevo mais. Encontrar o que a gente ama de verdade é a chave de tudo.
Se encontrar alguém com quem vagabundear, que goste disso tanto como você, não hesite, é bom também.”
“INSTANTES”
Se eu pudesse novamente viver a minha vida,
na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito,
relaxaria mais, seria mais tolo do que tenho sido.
Na verdade, bem poucas coisas levaria a sério.
Seria menos higiênico. Correria mais riscos,
viajaria mais, contemplaria mais entardeceres,
subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui,
tomaria mais sorvetes e menos lentilha,
teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata
e profundamente cada minuto de sua vida;
claro que tive momentos de alegria.
Mas se eu pudesse voltar a viver trataria somente
de ter bons momentos.
Porque se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos;
não percam o agora.
Eu era um daqueles que nunca ia
a parte alguma sem um termômetro,
uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas e,
se voltasse a viver, viajaria mais leve.
Se eu pudesse voltar a viver,
começaria a andar descalço no começo da primavera
e continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua,
contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças,
se tivesse outra vez uma vida pela frente.
Mas já viram, tenho oitenta e cinco anos e sei que estou morrendo”.
Nadine Stair – dedicado a Jorge Luis Borges.