sábado, 6 de maio de 2017

Alimentação balanceada para aventuras

“Conforto pesa”: os praticantes de campismo selvagem sabem muito bem o sentido dessa frase. A equação é muito simples: quanto mais conforto você deseja no seu camping, vai precisar de mais bagagem e mais esforço para atingir o seu objetivo final. Isso porque os adeptos do camping selvagem normalmente procuram lugares remotos e de difícil acesso, para vivenciar um maior contato com a natureza. Como o próprio nome sugere, o camping selvagem remete também ao inesperado. O campista pode ou não ser surpreendido pelo imprevisto. Daí o fato de ser fundamental planejar esse tipo de viagem. 
O primeiro item a ser considerado é a relação carga X benefício. O campista precisa pensar no que levar na viagem para atender às suas necessidades de sobrevivência, mas sempre balanceando com o peso da carga e tornando a bagagem o mais leve possível.

Nessa programação toda, o mais relevante são as fontes de energia no momento de definir os alimentos. A falta e também o excesso podem arruinar uma aventura. Escolhas erradas põem tudo a perder. A melhor dieta precisa ser bem calculada para garantir a absorção de todas as fontes de caloria durante a viagem: 15% proteínas, 50%-65% carboidratos e 20%-30% gorduras.
As fontes calóricas são necessárias ao organismo diariamente e em grandes quantidades. É importante conhecer as funções nutricionais de cada uma delas para manter uma alimentação equilibrada durante os acampamentos.

Carboidratos

Os carboidratos são a principal fonte de energia do corpo. Devem ser ingeridos regularmente e em intervalos frequentes, pois são queimados rapidamente e fornecem uma fonte de energia em curto prazo; é o chamado “fogo de palha”. Uma dieta equilibrada de carboidratos evita que o organismo consuma proteínas na produção de energia, mantendo-as em sua função de construção de tecidos.
Alguns exemplos:  
  • Pães, massas, cereais, frutas, açúcar, doces, geléias, legumes, verduras, vegetais feculentos, hortaliças e leite.
Os alimentos refinados fornecem apenas calorias vazias, por isso devemos preferir os integrais que apresentam vitaminas, minerais e fibras.

Proteínas

As proteínas têm um papel fundamental no organismo: agem na reparação e construção de tecidos e revigoram e mantêm os músculos saudáveis ao longo do tempo. As proteínas também são uma fonte de energia, principalmente na ausência de carboidratos.
Alguns exemplos:
  • Origem animal: carnes (mamíferos, aves, pescados, etc.), ovos, leite e derivados.
  • Origem vegetal: leguminosas secas (feijões, ervilha, lentilha, grão-de-bico etc.) e cereais integrais (milho, trigo, aveia.).

Gorduras

As gorduras, assim como os carboidratos e as proteínas, fornecem energia ao nosso organismo. Elas fornecem mais que o dobro de energia que carboidratos e proteínas. A energia fornecida pelas gorduras normalmente é armazenada e consumida na ausência de carboidratos, portanto é considerada uma fonte de energia de longo prazo. As gorduras também são responsáveis pelo transporte de vitaminas no organismo (A, D, E e K).
Alguns exemplos: 
  • Origem animal: creme de leite, manteiga, toucinho, banha, leite integral, queijos, carnes, gema do ovo etc.
  • Origem vegetal: margarina, gordura hidrogenada, óleos (milho, soja, oliva.), azeitona, chocolate, abacate, nozes, castanhas, coco etc.
Para facilitar os preparativos da sua viagem, segue uma lista de sugestões de alimentos para levar e consumir em uma viagem de camping selvagem, de acordo com as orientações comentadas até aqui. Pela falta de infraestrutura própria do camping, a melhor opção são os alimentos prontos e fáceis de fazer, que não necessitam de resfriamento para conservação.

Sugestões de Alimentos


Salame: É uma fonte de proteínas e gorduras. Não necessita de refrigeração e possui um prazo de validade de aproximadamente 4 meses quando fechado e 3 dias após aberto. O salame é um alimento coringa no momento do acampamento  pode ser utilizado como ingrediente para fazer sanduíches, acrescentado em outros pratos como no macarrão, ou simplesmente como petisco durante o caminho até o acampamento.
Macarrão: Excelente fonte de energia por conter grande quantidade de carboidrato. Não necessita de refrigeração antes de cozido. É uma boa opção para quem possui fogareiro. O tempo de cozimento depende do tipo da massa, mas varia em média entre 5 a 10 minutos. Massas integrais são mais recomendadas por conter maior quantidade de carboidrato. Use a criatividade para produzir seu macarrão! Uma boa pedida é adicionar molho de tomate (em sachê) e proteínas como calabresa, queijo e salame.

Atum/Sardinha: É uma fonte rica em proteínas, importante para revigorar e manter os tecidos e músculos saudáveis, sendo assim essencial para campings que envolvem muito exercício. Não necessita de refrigeração antes de aberto e possui um prazo de validade de mais de 1 ano enquanto enlatado. Depois de um longo dia de caminhada, quando os músculos estão cansados, uma lata de atum ou sardinha vai cair muito bem, seja como petisco ou como ingrediente em uma refeição. Como sugestão, adicione milho, feijão ou lentilha na própria lata de atum para tornar a refeição ainda mais rica em proteínas.
Barras de cereais: As barras de cereais já são grandes conhecidas dos campistas, mas vale deixar claro o porquê de tamanha aceitação dentro do mundo do camping selvagem. As chamadas “barrinhas” unem a praticidade com o equilíbrio nutricional. Além de leves e fáceis de carregar, elas apresentam uma quantidade elevada de carboidratos (26% da composição do alimento). São excelentes opções para carregar as energias durante o percurso e também na própria área de camping. Dê preferência para as barras que são compostas por avelã e nozes, por conterem mais carboidrato.

Pão: Em geral, os pães são boas fontes de carboidratos e proteínas, ou seja, ao mesmo tempo que fornecem energia imediata, também ajudam a revigorar os tecidos do organismo. Não necessita de refrigeração e o prazo de validade varia entre 8 a 12 dias se conservado em local com pouca umidade. Muita atenção ao guardar seu pão em áreas úmidas da mochila e da barraca  a umidade torna a superfície do pão mais vulnerável à proliferação de fungos que produzem substâncias nocivas, causadoras de diarreia e vômitos se ingeridas. Assim como o salame, o pão é um alimento coringa, que pode ser consumido em uma “boquinha” durante o caminho ou em uma refeição mais robusta,  fazendo sanduíches com salame, atum, sardinha, milho entre outras opções criativas.
Chocolate: Isso mesmo, chocolate é uma boa ideia para seu camping selvagem. O açúcar desse alimento delicioso resulta em uma grande fonte de carboidratos e, portanto, de energia. O chocolate também age psicologicamente como uma fonte de prazer e conforto, estimulando o campista a prosseguir até o seu destino final. Mas muita atenção com o consumo excessivo desse alimento: os chocolates são ricos em gorduras e podem elevar o colesterol, grande causador de doenças cardiovasculares. Dê preferência para chocolates mais amargos e com menor quantidade de leite (grande parte da gordura do chocolate é derivada do leite).

Frutas: Entre as diversas opções de frutas para se levar em uma viagem de camping selvagem, procure as que possuem maior valor energético. Frutas são alimentos ricos em vitaminas e fibras, mas em geral possuem baixo valor energético, ou seja, pequenas quantidades de carboidratos, proteínas e gorduras. A banana é uma boa opção por conter uma proporção maior de carboidratos do que as demais frutas. No entanto, pondere se existe uma real necessidade em levar frutas pois, além de pouco calóricas, são normalmente pesadas, frágeis e desajeitadas para transportar.

IMPORTANTE!

Dentro do possível, alimente-se da mesma forma e quantidade que costuma se alimentar no dia a dia. Se a trilha até a área de camping exigir  grande esforço físico, invista em uma alimentação mais rica em carboidratos e proteínas.
Procure não inventar grandes novidades culinárias quando estiver longe da cidade. Se algum alimento não fizer bem, gerar alergia, ou qualquer outro problema e você estiver longe de um centro urbano, isso pode acabar encurtando sua viagem, além de gerar dores de cabeça desnecessárias.

Com tudo pronto, alimentos escolhidos, separados e colocados na mochila, é o momento de curtir sua aventura em contato com a natureza e aproveitar as belas paisagens que ela proporciona!

quinta-feira, 4 de maio de 2017



No dia 21 de agosto de 1879, bem antes da inauguração da ferrovia Paranaguá Curitiba, o Pico do Marumbi com 1547 metros, foi escalado pela primeira vez por Joaquim Olympio de Miranda, Bento Manoel de Leão, Antônio Silva e Antônio Messias.
Em maio de 1902 um grupo de amigos partiu de Morretes com o propósito de escalar a montanha, o que foi realizado com sucesso e para comprovarem o feito os intrépidos marumbinistas resolveram atear fogo na mata. O fogaréu foi visto pelos moradores de Paranaguá, Antonina e Morretes levando pânico às populações, pois pensavam tratar-se de um vulcão em erupção!
Esta façanha foi contada pelo Sr. Olympio Trombini, que participou da expedição, e transmitida pelo neto o Sr. Italo Trombini, ao reporter e pesquisador Henrique Schmidlin, o "Vitamina" em 1979, ano do centenário da primeira escalada. O reporter teve ensejo de apreciar uma fotografia da ocasião, na qual estão impressos os seguintes dizeres: Foi esta expedição que em maio de 1902 deitou fogo à macega, na serra do Marumbi, o que ocasionou o povo a supor um vulcão, e em Paranaguá entoar TE DEUM por esse motivo.
O chefe da equipe foi obrigado a publicar no jornal A REPÚBLICA uma nota de esclarecimento e assumido a responsabilidade do “causo”.
Foto - Em pé, da esquerda para a direita: Emílio Grotti, Alexandre José Soares Taveira, Bernardo D'Oliveira Bittencourt, Olympio Trombini, João Gobbo (timoneiro), Ewaldo Frederico Pettersen, Emílio Dalla Stela.
Sentados: Antônio Orreda, Vicente Luiz de Oliveira, Manoel Antônio dos Santos, Doro Cauduro.
Deitado : José Nogueira (chefe).
Estes os expedicionários da ascensão no ano de 1902, pela face norte.
* Publicado no jornal O Estado do Paraná, em 19 de agosto de 1979
* Artigo copiado do Grupo Marcos Luiz de Bona.