Não tem escapatória, se formos para uma aventura com pernoite é importante que nos alimentemos muito bem. E isto requer uma janta; ou um almoço, embora almoçar durante as trilhas não seja algo comum! E já foi o tempo em que o improviso dominava as trilhas; levando-nos a fazer fogueiras e fogões arcaicos; ou utilizar latas para cozinhar os alimentos. Não que o improviso seja um mal em si; ocorre que hoje em dia há equipamentos adequados que facilitam as nossas vidas. Se empregados corretamente possibilitarão que nos dediquem mais à atividade fim, que é trilhar, trilhar, trilhar... Mas qual tipo ou modelo desses equipamentos são os mais indicados? Nesse post procuraremos responder a isto de modo simples e direto!
Fogareiros
Existem dois tipos básicos:
1 ► Fogareiros a combustível líquido:
Utilizam combustíveis diversos, como gasolina, benzina, querosene e em alguns modelos pode-se usar até diesel. As vantagens principais são a constância e força da chama, que possibilita cozinhar em poucos minutos; além da durabilidade do equipamento. Como desvantagem está na necessidade do transporte do combustível, que não possui bom cheiro e normalmente provocam sujeiras e resíduos; além do manuseio do equipamento.
Esses fogareiros podem ser utilizados em praticamente qualquer lugar do mundo; quente ou frio; com ou sem vento. Entretanto, em altas altitudes acima da faixa dos 6.000m seu desempenho pode ser reduzido, pois há pouco oxigênio na atmosfera, prejudicando a chama.
Modelo Pocket Rocket da MSR, a gás Fonte: MSR |
2 ► Fogareiros a gás:
Apresentados em vários modelos, utilizam o propano e butano já envazados em pequenos botijões. As vantagens principais são a facilidade no manuseio, pois o acendimento é rápido e/ou automático; além de não provocar grandes sujeiras em equipamentos. Como desvantagem está na dificuldade de se encontrar o combustível a gás em lugares mais distantes; além da fragilidade da chama.
Esses fogareiros oferecem melhor desempenho em ambientes com temperaturas mais agradáveis e em locais com pouco vento, como o Brasil. Apesar de funcionar relativamente bem em altas altitudes, temperaturas extremas podem esfriar a mistura combustível e o vento pode até apagar a chama, pois esta não é vigorosa como a dos fogareiros a combustível líquido.
Então, qual modelo comprar?
Se o objetivo do aventureiro é trilhar pelo Brasil ou regiões similares, um fogareiro a gás é o ideal. São mais leves, compactos e práticos. Mas não será necessário vender um rim e adquirir um robusto fogareiro a gás; ou buscar marcas de "grife"! Podemos inclusive usar esses modelos "genéricos", praticamente um "pocket" que utilizam cartuchos de gás rosqueáveis; e que são facilmente encontrados no mercado, com valores bastante acessíveis.
Se o objetivo é trilhar por lugares mais exigentes, como a Patagônia, lugar de muito vento, não podemos abrir mão do fogareiro a combustível líquido; pois será mais fácil encontrar combustível por lá. Veja bem, o querosene pode ser encontrado em praticamente qualquer lugar do mundo!
►►Agora, se você for pra Alta Montanha, não se preocupe com isto! Certamente o chefe da sua expedição terá os dois tipos, certamente das marcas e modelos mais robustos!!! Além disso, terá panelas com radiadores que potencializam as calorias; ou pelo menos saberá fabricar/improvisar algo similar... Alta Montanha normalmente não é lugar para atividades solo, a não ser que sejas especialista no ramo...
Utensílios & Vasilhames
Nesse quesito vale a criatividade do aventureiro. Muito embora o mercado ofereça utensílios fabricados por diversos materiais, na prática isto fará muito pouca diferença. Só vale uma regra: só carregar panelas, talheres, pratos e copos que sejam indispensáveis. Devemos carregar o estritamente necessário e não uma cozinha gourmet. Se a panela é de alumínio; anti-aderente ou de titânio; se os talheres são flexíveis, levíssimos e "projetados pela NASA"; cabe ao usuário avaliar o custo benefício desses equipamentos.
Sugerimos carregar uma ou duas panelas de tamanho médio (1 litro mais ou menos); uma colher; uma faca pequena ou canivete; uma colher de chá de cabo longo e um copo de plástico de aproximadamente 200 ml. Levar também um prato, que deve ser de plástico. Se uma das panelas tiver tampa, prato é dispensável! E providenciar um pegador de panelas, pra não queimar a mão. Pronto, certamente não precisaremos de mais que isto. Nada de panela de pressão; caçarolas imensas; cafeteiras ou algo similar! Além disso, atente-se para o peso: quanto mais leve for o vasilhame, melhor!
Para transportar alimentos, nada de vasilhame. Utilize sacos plásticos ou pequenas embalagens reutilizáveis. Para limpar vasilhames utilize pequenos panos tipo perfex. Se precisar usar sabão, prefira sabão de coco: é leve e durável!
Considerações Finais
► Fique atento ao adquirir um fogareiro a gás. Observe e prefira os rosqueáveis, pois há alguns modelos que se conectam ao botijão através de furos; que não permitem reutilizar o gás ou desenroscar o fogareiro. Isto pode provocar perda de combustível, pois a embalagem não é reutilizável.
► Cuidado ao transportar combustíveis líquidos. Requer cuidados especiais; inclusive evite transportá-los em embalagens plásticas comuns, pois alguns combustíveis corroem ou derretem plástico, se misturando com o material derretido; e com isso podem danificar o fogareiro. Somente transporte em garrafa plástica se tiver certeza de que o combustível não provocará a sua corrosão! Nesses casos, para evitar dor de cabeça, prefira as embalagens metálicas específicas para esta função. Inclusive algumas são rosqueáveis e adaptam à mangueira do fogareiro.
► Fogareiro a combustível líquido requer limpezas periódicas. Mas somente faça a limpeza se conhecer o equipamento, do contrário poderá danificá-lo. Siga as instruções de cada fabricante.
► Alguns combustíveis líquidos possuem elevada carga de chumbo. Na maioria das vezes isto é prejudicial à vida útil do fogareiro. Se usar gasolina, prefira a gasolina branca.
► Nem abordamos por aqui a velha e conhecida espiriteira. Ainda amada por muitos montanhistas, trata-se de um fogareiro primitivo, que funciona com álcool ou outro combustível, similar àquelas gambiarras que utilizamos para esquentar marmita em lugares sem fogão. A razão da não abordagem é porque manipular uma espiriteira pode se tornar um procedimento perigoso. Álcool é um dos combustíveis que percentualmente mais provocam queimaduras em usuários. Além disso, a chama da espiriteira é fraca, inconstante e apaga-se com facilidade. Então, sugerimos que se possível esqueça esse modelo de fogareiro!